Ainda não sei o que é ter 40 anos, apenas sei o que é chegar lá. Acabei de bater nos 40 e posso já dizer que é muito bom chegar aqui, inteira, feliz e muito bem acompanhada.

Chegar a um número redondo (ou o seu meio) é sempre um marco e nem sempre é fácil de engolir. Lembro-me que cheguei aos 35 anos três meses depois de ter sido mãe pela segunda vez, e custou-me. Tinha tudo para estar feliz e realizada, com o meu segundo bebé perfeito ao colo, a família impecável, tudo no sítio. Eu estava feliz, mas não realizada.

Eu podia ter a vida no sítio, mas eu não estava no sítio.

Eu estava com quilos a mais da gravidez recente, estoirada por não dormir três horas seguidas, em modo ordenha permanente, umas olheiras monstras e o cabelo a cair. Um caco! Não me sentia eu própria. E custou-me muito ver-me com 35 anos assim. “É isto ter 35 anos?”Afinal isto de envelhecer era mesmo um descambar, porque com o primeiro não tinha sido nada assim, e apenas tinham passado três anos. Bolas, a decadência tinha vindo rapido!

Cinco anos depois, a poeira baixa, os miúdos crescem, como se diz. Os meus cresceram e eu também. Recuperei a posse das mamocas, o sono, o peso e sem dúvida voltei a mim. Com a pele da cintura desfeita e cabelos brancos a mais, mas a mim.

O tempo passa e o importante é que nesse tempo se passem coisas. Tenho a minha família, a minha vida, os meus amigos e interesses. Sobretudo, faço cada vez mais coisas por mim, a pensar no meu bem estar, quer a nível profissional, quer a nível pessoal.

Quando fiz 37 anos concluí que vivia para os outros e isso estava bem, desde que também pensasse em mim. Três anos volvidos e eu sou um factor cada vez maior na equação da minha vida. Eu não estou a ficar para trás e isso é muito bom, nada egoísta. Só posso ser boa mãe, mulher, filha, se for boa comigo própria. Porque só assim eu não vou estar um caco.

À medida que fui organizando a minha vida profissional, destralhando os meus armários, limpando a minha comida, rotinando a minha actividade física, sono e cuidados de beleza, eu fui-me vendo melhor, mais clara, mais segura, mais certa. “Isto” é o que eu preciso fazer pelo meu corpo e cabeça para me sentir bem comigo própria.

Por mais dedicada que eu seja a outras pessoas e projectos, quem vive a minha vida sou eu, eu apenas tenho este tempo e espaço para aqui estar, eu tenho de viver por mim também. 

A minha vida vai a meio e eu quero chegar nova a velha, muito velha! Não vou esperar pelo fim de semana, pelo verão, pela reforma, vou fazer por mim todos os dias. Há dias off, há problemas, há surpresas, mas no fim do dia, eu vou ter de cuidar de mim como cuido dos meus. Eu também sou “dos meus”.

No ano passado eu tinha lançado um desafio a mim mesma, chegar aos 40 anos na melhor forma possível. Não estou nenhuma Jane Fonda, mas estou a anos-luz dos meus 35 anos e estou melhor do que os meus 39. Venci o meu desafio.

Chego feliz aos 40 anos, adorei celebrá-los, recebê-los de braços abertos e com orgulho. Chego a eles bem na minha pele e isso faz toda a diferença. Sentirmo-nos bem na nossa pele, por fora e por dentro, gostarmos do que vemos ao espelho, gostarmos de passar tempo connosco próprias, é tão importante para nos sentirmos realizadas! 

O desafio para este ano e para os próximos será manter o que me deixa feliz, enquanto me fizer feliz e melhorar o que ainda não está no sítio.

É bom eu já saber bem o que eu não quero, é bom estar cada vez mais segura do que eu quero – há uns 3 anos ainda andava confusa, mas vejo que a felicidade está nas coisas simples e que nos fazem felizes todos os dias.  Está na minha mão fazer muito por mim – não tudo, e o que me escapa não me devia angustiar.

Chego muito feliz à dobra dos meus primeiros 40 anos, forever f.a.b. é o que eu quero para mim – fabulosa nos forties and beyond.

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